Corrupção: o que temos a ver com isso?

A sociedade, de modo geral, anda descontente e cansada com as
notícias de corrupção em nosso país. Quanto dinheiro em mãos
indevidas deveria ser investido em políticas públicas de educação ,
saúde e tantas outras.
Será que temos alguma coisa a ver com isso? Em nosso cotidiano
estamos atentos ao que ensinamos aos nossos filhos? Temos
consciência de que as nossas atitudes tem um poder muito maior
de convencimento do que nossas palavras?
Muitas vezes, nossas atitudes estão distantes daquilo que
queremos para a nossa sociedade. Se eu não admito que o meu
filho “cole” na prova, conte mentiras e outras coisas mais, mas dou
um “jeitinho” de furar a fila do cinema, adulterar o hidrômetro para
pagar menos na conta de água, estacionar em local indevido,
falsificar assinaturas, não devolver o troco que veio a mais e tantas
outras pequenas corrupções, cria-se um dilema paradoxal nas
crianças e jovens. O discurso não consegue sustentar a prática. É o
tal “jeitinho brasileiro” que encontra um elevado índice de
aprovação, de tolerância.
Geralmente pensamos que esses atos não fazem muita diferença
no cotidiano, porque “é normal, todo mundo faz”. O problema é que
essas pequenas corrupções podem causar grandes impactos. O
maior deles é a legitimação da corrupção em larga escala. A
sociedade se torna passível de corrupção quando existe uma
cultura que venda os olhos aos atos infracionais leves. Na verdade,
a prática recorrente desses comportamentos torna-se apoio para
toda uma gama de corrupção em larga escala.
No ano de 2017, replicamos, aqui em nossa escola, uma
experiência de alunos da Universidade de Brasília, onde um freezer
com picolés ficava à disposição de todos pelo sistema “peque e
pague”. A nossa experiência foi realizada com bombons. Em menor
escala do que na UNB, tivemos a constatação de que, para alguns,
não faz a menor diferença prejudicar alguém.
Por fim, o nosso trabalho enquanto formadores de gente, de
pessoas que irão fazer a diferença na construção de uma sociedade
mais justa e solidária, necessita apoio daqueles que nos confiaram
seus filhos.
A grande mudança que queremos ver no mundo, precisa começar
em nós.
Maria Flávia Carvalho
